Pico do Itabirito, exemplo do impacto ambiental da atividade mineradora. Contraste entre impatco ambiental e práticas mais sustentáveis (produção de energia a partir do lixo) em Itabirito-MG.

Publicado no Jornal OTEMPO, por HELENICE LAGUARDIA

Pioneira. Usina de Itabirito será a primeira do Brasil a utilizar a tecnologia de plasma para geração
Itabirito, a 55 km de Belo Horizonte, será a primeira cidade do Brasil a receber uma usina que vai utilizar o gás de plasma, a partir do lixo, para gerar energia elétrica. A tecnologia é capaz de reduzir em até 99% do volume de resíduos.
Com obras previstas para começarem abril deste ano, a HE-High Energy, de São Paulo, vai investir R$ 300 milhões para construir a usina num terreno de 12.000 metros quadrados doado pela prefeitura da cidade. 

“É uma usina modular (pode aumentar ou diminuir de tamanho). A princípio ela vai processar 200 toneladas de lixo por dia”, explicou o secretário executivo do Consórcio de Desenvolvimento da Região dos Inconfidentes (Coderi), João Humberto Cabral Danese.

A origem do lixo será dos municípios de Ouro Preto, Mariana, Itabirito, Nova Lima e Raposos. Serão utilizados resíduos sólidos, hospitalares e rejeitos de construção civil. A princípio, contou Danese, será uma usina de médio porte e, se os municípios da região metropolitana de Belo Horizonte quiserem, ela pode funcionar 24 horas por dia. Inicialmente, a usina vai trabalhar de oito horas a 16 horas por dia. “Há um projeto de também explorarmos o esgoto, porque o lodo dele também gera energia”, disse.

Na geração de empregos, os catadores vão ganhar com a nova usina. “A máquina é como uma espinha de peixe que vai separando o lixo que chega e os catadores vão dividindo o que é reciclável”, explicou João Humberto.

A usina vai atender, inicialmente, às empresas da região. “Itabirito foi escolhida por estar mais próxima do desenvolvimento de grandes empresas como a Delphi (que fabrica chicotes elétricos) e a Vale. Além disso, outros municípios vão utilizar o aterro da cidade”, justificou João Humberto.
A usina de energia elétrica feita de lixo está em processo de obtenção da documentação necessária e as obras não podem começar antes de ser liberado o licenciamento ambiental, entre outras autorizações.

Município foi assediado por várias empresas

Antes da HE-High Energy ganhar a preferência, a prefeitura de Itabirito recebeu a proposta de várias empresas de tecnologia, entre elas uma coreana. “Consideramos essa proposta da HE a mais viável por ser ambientalmente correta e não ter custos para a prefeitura”, informou o secretário executivo do Coderi, João Humberto Cabral Danese. Ele contou que algumas empresas queriam cobrar R$ 75 por tonelada de lixo da prefeitura. “A gente dava a matéria-prima e ainda tinha que pagar”, criticou João Humberto, para quem a energia elétrica a partir do lixo deverá ser uma energia mais barata que a fornecida pela Cemig. 

João Humberto explicou que a tecnologia de plasma utilizada na usina de Itabirito consiste em transformar o lixo sólido em líquido, que vira gasoso e passa ao plasma – o quarto estado da matéria – que é a energia a ser utilizada nas empresas. “O lixo vai entrar no reator de plasma a 3.000 ºC”, disse. (HL)